segunda-feira, 4 de março de 2013

Humor no cinema de ficção científica

O humor de ficção científica que chegou às mídias audiovisuais nem sempre foi de igual qualidade ao da literatura, mas algumas obras valem a pena ser lembradas.
No cinema, Apertem os cintos, o piloto sumiu 2 (Airplane II: The sequel, 1982), de David Zucker, aborda o gênero satirizando os filmes-catástrofe em versão espacial. A história conta as situações absurdas de um ônibus espacial de turismo que se acidenta durante uma viagem à Lua. Entre o grande elenco estão atores veteranos como Lloyd Bridges, Peter Graves, Chuck Connors e a participação muito especial de William Shatner, o icônico Capitão Kirk de Star Trek.
S.O.S.: Tem um louco no espaço (Spaceballs, 1987), de Mel Brooks, tira um sarro das modernas sagas de fc, mais exatamente a franquia Star Wars, com muitas citações que fazem a alegria dos fãs, além de ótimas situações de metalinguagem que são a especialidade desse diretor norte-americano.
Outro longa muito interessante é Galaxy quest (1999), que satiriza as séries de tv e o universo dos fãs de fc. Entre os atores, Sigourney Weaver, a eterna Tenente Rippley da franquia Alien, ao lado de um elenco de comediantes de primeira linha em uma produção caprichadíssima, sobre o elenco de atores de uma série de tv que, durante a participação em uma convenção de fãs, é abduzido por alienígenas pacíficos que, depois de assistirem o seriado, acreditam que eles são heróis de verdade e podem salvá-los do ataque de um perigosíssimo vilão intergaláctico.
Também temos a sutileza mordaz de Brazil (1985), de Terry Gillian, que nos apresenta a visão de um futuro absurdo no qual a burocracia tornou a vida uma impossibilidade prática. O título faz referência a canção Aquarela do Brasil que, naquele ambiente opressivo, leva um burocrata inseguro e insatisfeito, a sonhar com um lugar melhor para viver.
Dr. Fantástico (Dr. Strangelove, 1964), de Stanley Kubrick, com a excelente multi-interpretação de Peter Sellers, jogou a primeira pá-de-cal sobre a Guerra Fria. Neste clássico, um problema de comunicação entre um bombardeio americano e a sua base de operações provoca o risco do lançamento de uma bomba nuclear sobre o solo soviético. Em um crescendo de confusão, as duas nações se vêm às voltas com a ameaça cada vez mais concreta de uma guerra nuclear total, enquanto um cientista maluco tece as mais absurdas teorias sobre o fim da humanidade, e em diversos outros pontos do país, a violência explode alimentada pela ridícula paranoia de uma invasão comunista na América.
Uma fc por excelência, que usa o humor limpo e sem apelações, é a série De volta para o futuro (Back to the future, 1985), de Robert Zemmekis. Foram ao todo três filmes, sendo que o primeiro é um primor de roteiro, direção, cenografia e interpretação, narrando a história de um adolescente envolvido num experimento revolucionário que o joga trinta anos no passado. Preso num paradoxo temporal – um dos mais interessantes temas da fc –, ele vai aos poucos desaparecendo, pois sua presença no passado desencadeia fatos que não deveriam acontecer, alterando o futuro. Um dos melhores filmes de fc de todos os tempos.
Outro filme no mesmo tema, que vale a pena ser lembrado, é O feitiço do tempo (Groundhog Day, 1993), de Harold Ramis, fantasia urbana que, por envolver uma curiosa teoria sobre o tempo, pode ser classificado como fc. Nele, um insuportável apresentador de televisão, interpretado por Bill Murray, ao fazer a cobertura anual do Dia da Marmota, fica preso nele indefinidamente. Por mais que se esforce, sempre acaba acordando no mesmo dia e passando pelas mesmas coisas novamente. Apenas ele sabe que tudo se repete e, desse modo, vai sendo confrontado pouco a pouco com a sua própria incapacidade como ser humano.
Mais ou menos no mesmo estilo temos O show de Truman (The Truman show, 1998), de Peter Weir, estrelando o famoso comediante Jim Carrey. A história mostra a vida de um homem que, sem saber, vive numa cidade cenográfica, sendo continuamente filmado, desde antes de seu nascimento, para um reality show de grande sucesso. O filme se destaca na filmografia de Carey por ser sutil e delicado, muito diferente do estilo geralmente apelativo e debochado do ator.

Um comentário:

  1. "Airplane", "Spaceballs", "Back to the Future", "Groundhog Day"... de repente bateu uma nostalgia. :)


    T.K. Pereira – o Escriba Encapuzado
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