sexta-feira, 29 de março de 2013

Resenha: Almanaque do Terror

A Coleção Mundo Estranho, da Editora Abril, distribuiu nas bancas o Almanaque do Terror, edição especial dedicada a expor um histórico do gênero através de uma série de listas, ótimas para criar polêmica entre os fãs.
Em suas 76 páginas, o Almanaque olha o gênero sob diversos ângulos, a maior parte do tempo no viés audiovisual, com levantamentos sobre filmes, séries de tv, animes, videogames, seus heróis, vilões e criadores. No meio da predominância óbvia que não convence sequer o fã iniciante, a revista consegue lembra-se de personalidades significativas como Dario Argento, George Romero e até do brasileiro José Mojica Marins, embora não considere nenhum de seus filmes suficientemente assustador para figurar na lista dos melhores que, em seu lugar, apresenta bobagens homéricas como Atividade paranormal e A bruxa de Blair. Também ignorou totalmente o trabalho legendário da Hammer e o moderno e assustador cinema oriental.
Na relação das séries de tv a coisa também é feia. Enquanto a ridícula Goosebumps foi relacionada entre as dez melhores séries de todos os tempos, clássicas como Kolchak e os demônios da noite e Galeria do terror foram solenemente esnobadas.
O que limpa um pouco a barra dos pesquisadores da Mundo Estranho é a seção de livros e quadrinhos, que são geralmente esquecidos nesse tipo de publicação, embora as listas também sejam bastante parciais, seguindo o gosto de algum jornalista muito mal informado quanto aos cânones do gênero, embora alguns bons títulos até apareçam por ali. Sinceramente, por melhor que seja, Bento, de André Vianco, não tem a menor chance de figurar entre os dez melhores livros de terror de todos os tempos. Além do que a relação apela para histórias de suspense e mistério, que comprometeram sua caracterização. Se assim fosse, alguns dos muitos filmes de Alfred Hitchcock deveriam também ter sido lembrados em suas devidas listagens, como Os pássaros e Psicose. O interessante é que, entre os grandes mestres, aparecem – ainda que também isso seja discutível – Neil Gaiman, Clive Barker e Anne Rice, mas nenhum de seus livros foi lembrado.
A lista de quadrinhos também é tendenciosa. Enquanto ousaram relacionar o recente e esquecível álbum nacional Pixu no "Top5" dos quadrinhos de horror, não se lembraram de nenhum dos verdadeiros clássicos da arte, como por exemplo a obrigatória Tales from the Crypt, entre outros títulos da EC Comics que até hoje influenciam os criadores do gênero. A revista Kripta aparece, e é de fato clássica no Brasil, mas não deveria, nunca, ser citada a versão brasileira, e sim a original, Creepy, da Warren, editora americana que também publicou outros títulos fundamentais como Eerie e Vampirella.
O Almanaque ainda oferece um pequeno guia turístico com algumas atrações temáticas, entre casas assombradas famosas e parques de diversões.
Almanaque do Terror parece ser uma publicação dirigida a leitores de pouca ou nenhuma vivência com o gênero mas, mesmo assim, seria desejável uma representatividade histórica mais apurada e o didatismo adequado para não tratar este gênero artístico, tradicional e muito respeitável, apenas como uma bizarra atração de circo.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Trinta anos no Hiperespaço

Em 2013 completam-se trinta anos do lançamento do primeiro número do Hiperespaço, um dos primeiros fanzines da segunda geração do fandom brasileiro de ficção científica. Editado inicialmente por Cesar Silva, José Carlos Neves e Mário Mastrotti, o Hiperespaço circulou entre 1983 e 2005, com mais de 50 números publicados, entre edições numeradas e especiais, além da Coleção Fantástica, que teve mais de uma dúzia de edições com novelas de ficção científica, fantasia e horror de autores brasileiros.
Para comemorar a efeméride, o Hiperespaço juntou-se à Fanzinada (série de eventos criada pela editora independente Thina Curtis, indicada ao Prêmio HQMix) e à Gibiteca Eugênio Colonnese para realizar um encontro especial de fãs e editores de ficção fantástica e quadrinhos , que vai acontecer no dia 27 de abril, das 10 às 17 horas, nas dependência da referida Gibiteca, em São Bernardo do Campo
Além de marcar os trinta anos do Hiperespaço, a Fanzinada SBC vai também comemorar 2 anos do primeiro Fanzinada e também o Dia Mundial do Fanzine, que é 29 de abril. O evento terá oficinas de histórias em quadrinhos, desenho, literatura e grafitti, lançamentos de fanzines e livros, exibição de vídeos, apresentação da banda Poemas de Maio, exposição de todas as capas do Hiperespaço e uma exposição relâmpago e interativa, feita pelos visitantes, homenageando o mestre dos quadrinhos brasileiros, Eugênio Colonnese. Durante o evento serão distribuídos exemplares facsímile do primeiro número do Hiperespaço. Outros fanzines serão também distribuídos.
A Gibiteca Eugênio Colonnese está localizada dentro da Cidade da Criança, na Rua Tasman, 301, Jardim do Mar, São Bernado do Campo/SP. O parque é lindo e dispõe de uma grande estrutura para receber os visitantes. A entrada é franca.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Pulsando

A Devir Livraria anunciou recentemente o lançamento de dois novos títulos em sua Coleção Pulsar, dedicada à literatura de ficção científica. O primeiro deles é Os filhos da mente (Children of the mind), quarto e último volume da saga de Ender Wiggin, multipremiada space opera de Orson Scott Card, escritor norte americano que tem uma antiga relação com os brasileiros.
Os dois primeiros volumes da série, O jogo do exterminador e Orador dos mortos, foram traduzidos no Brasil nos anos 1980, pela Editora Aleph, e republicados recentemente pela Devir, que deu-lhes sequência em 2011 com Xenocídio. A série conta a história de Ender, um menino superdotado que foi levado pelo governo do mundo a exterminar toda uma civilização alienígena. Apesar de ter sido enganado, ele se sente responsável e passou boa parte de sua vida vagando pelo universo, como o orador daquele povo assassinado. Finalmente, ele chega ao planeta Lusitânia, colonizado por um grupo de brasileiros que tenta se entender com os habitantes locais, seres de fisiologia intrigante que passam a juventude como animais e a maturidade como vegetais. Isso acontece por causa de um vírus, o Descolada, que faz parte da ecologia lusitânia mas é mortal pera os seres humanos. Para impedir que o vírus escape, o governo galáctico envia ao planeta uma esquadra de extermínio, e os habitantes de Lusitânia lutam contra o tempo para descobrir uma forma de neutralizar o vírus e evitar um novo xenocídio que agora ameaça nada menos que três espécies inteligentes.
Os filhos da mente tem 352 páginas, tradução de Sylvio Monteiro Deutsch e capa de Vagner Vargas.
O segundo lançamento anunciado é o romance Glória sombria, de Roberto de Sousa Causo, primeira aventura do personagem Jonas Peregrino, visto em histórias curtas publicadas em diversas antologias desde 2009. Jonas é um ex-militar que tornou-se herói depois de lutar numa feroz guerra espacial. Sua reputação e seus conhecimentos tornam-se interesse de várias organizações governamentais e privadas, que o recrutam para que realize missões especialmente difíceis. A ilustração da capa também é assinada por Vagner Vargas. A editora não revelou qual seria o enredo desta nova história do personagem, mas já anunciou que será o primeiro de uma série. O segundo volume, chamado Mestre das marés, está programado para 2014.
Mais informações sobre este e outros lançamentos da Devir podem ser obtidas no saite da editora.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Argonáuticas

A Editora Argonautas animou-se com a proximidade da segunda edição da Odisseia, congresso de autores e editores de literatura fantástica que rola em Porto Alegre nos próximos dias 12 e 13 de abril, e me mandou um pacotaço de livros publicados em 2012, para serem divulgados, quiçá resenhados, aqui, assim que possível. 
Vieram nada menos que quatro títulos, sendo o principal deles a antologia de não-ficção Fim do mundo: Guerras, destruição e apocalipse na história e no cinema, organizado por Cesar Augusto Barcellos Guazelli, Charles Sidarta Machado Domingues, José Orestes Beck e Rafael Hansen Quinsani. O livro reúne ensaios de perfil acadêmico sobre os filmes catástrofe que trabalham com o tema do fim da existência humana, tem 234 páginas e está dividido em duas partes principais. Na primeira estão 21 textos longos que desenvolvem argumentos sobre uma grande variedade de filmes e cineastas, tais como Dr. Fantástico, Contágio, Apocalipto, A noite dos mortos-vivos, A última esperança da Terra, Armageddon, Guerra de mundos, O sacrifício, Ensaio sobre a cegueira, entre outros, por um enorme elenco de ensaístas, entre os quais está Duda Falcão, um dos editores da Argonautas. A segunda parte, denominada "Extras" apresenta mais 13 ensaios curtos e as fichas técnicas dos filmes citados no livro.
Bazar pulp: Histórias de fantasia, aventura e horror é uma coletânea de contos inéditos de Cesar Alcázar – outro editor da Argonautas –, mais um título interessante do lote. Em formato de bolso, com 96 páginas impressas em papel reciclado, o livro apresenta sete contos na linha clássica da Weird Fiction, fazendo jus ao título. A capa traz uma ilustração de Fred Macêdo homenageando as histórias de fantasia heróica típicas desse período.
Duas antologias completam o pacote: Autores fantásticos traz 16 histórias originais e inéditas, cada uma delas homenageando um importante autor de ficção fantástica, entre os quais dois brasileiros: Simões Lopes Neto e Monteiro Lobato. O livro tem 162 páginas e traz contos de Nikelen Witter, Duda Falcão, Celly Borges, Cesar Alcázar, Ju Lund, A. Z. Cordenonsi, Simone Saueressig, Christian David, Leon Nunes, Fabiano Vianna, Leonardo Colucci, Mario André Pacheco, Estevan Lutz, Leo Carrion, Suzy M. Hekamiah e José Aguilar García, que também assina a ilustração da capa. A edição não identifica um organizador, sendo que, assim, a responsabilidade fica com os editores Duda Falcão e Cesar Alcázar.
Completa o lote a antologia Passado imperfeito, organizada por Ademir Pascale, volume de 104 páginas com oito textos inéditos de história alternativa de autoria de Christian David, Luciana Fátima, Daniel Borba, Marcelo Biguetti, Estevan Lutz, Tibor Moricz, Mariana Albuquerque e do próprio Pascale, com prefácio de Christopher Kastensmidt.
Com certeza, não vai me faltar o que ler.

Megalon 19

Está disponível para download gratuito mais uma edição digitalizada do fanzine Megalon, desta vez o número 19, originalmente editado em fevereiro de 1992 por Marcello Simão Branco e Renato Rosatti.
A edição tem 52 páginas com contos de Miguel Carqueija, Ivan Carlos Regina, Argos Arruda Pinto, José Carlos Neves e Todd Mecklen (USA), artigos de Roger Techima, Jorge Luiz Calife, Renato Rosatti, Cesar Silva, Roberto de Sousa Causo e Gilberto Schoereder, e resenhas de livros por Miguel Carqueija, José Carlos Neves e Orson Scott Card. A capa é assinada por José Carlos Neves.
Como foi prorrogada a apuração do Prêmio Tapìrài, anunciado na edição anterior, e o resultado será divulgado somente na edição seguinte. Para baixar o arquivo em pdf, basta clicar aqui.
Para os mais entusiasmados com a história do fandom, neste link pode ser baixado um arquivo bônus com um conjunto de panfletos das atividades dos fãs naqueles saudosos anos 1990. Esta é, sem dúvida, a melhor e mais barata maneira de viajar no tempo.

sábado, 16 de março de 2013

Segredo em família

O que fazem os quadrinhistas holandeses? Segredo em família talvez possa nos dar uma noção disso. Trata-se da tradução da novela gráfica De Ontdekking, do cartunista holandês Eric Heuvel, lançado pela editora Companhia das Letras através do selo Quadrinhos na Cia. Heuvel vive em Amsterdan e é considerado um dos melhores quadrinhistas do país, com uma carreira voltada especialmente aos quadrinhos educativos.
Segredo em família é um drama histórico sobre um jovem que descobre, abandonado no sótão, um antigo livro de recortes de sua avó. Curioso, ele pergunta a avó sobre o livro e ela passa então a lhe contar sobre sua vida no período em que a Holanda esteve ocupada pelo Exército alemão, na Segunda Guerra Mundial.
Segredo em família tem 64 páginas, tradução de Érico Assis, e custa R$34,50.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Afinal, Capitu traiu ou não?

Depois de seis anos de trabalho, finalmente está nas lojas a versão em quadrinhos de um dos maiores clássicos da literatura, Dom Casmurro, o mais importante romance do mais importante escritor brasileiro, Machado de Assis. Este ousado projeto foi fruto do desafio de uma amiga do escritor e roteirista Felipe Greco, e é ilustrado por Mario Cau, que não economizou em nada: o álbum tem nada menos que 232 páginas. O trabalho tem o prefácio de Paulo Ramos, que destaca a volúpia e o detalhismo da dupla.
Greco tem em seu currículo os livros O coveiro (Desatino, 2003), Memórias do asfalto (Desatino, 2006), Relicário (Edições GLS, 2009), Lilica, o rabugento e o leão banguela (Desatino, 2010) e Caçadores noturnos (Desatino, 2011). Mario Cau também é um ilustrador experiente, com diversos trabalhos publicados na revistas Pieces, Nanquim Descartável, Café Espacial, Quadinhópole, Front, além do álbum MSP+50 (Panini, 2010).
Dom Casmurro está disponível nas versões brochura e capa-dura, e é uma publicação da Devir Livraria.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Imaginários em quadrinhos

Já está disponível a aguardada publicação da Editora Draco que, há meses, vinha anunciando o lançamento de sua primeira edição de quadrinhos. Imaginários em Quadrinhos é uma antologia de quadrinhos que, da mesma forma que o catálogo literário da editora, reúne trabalhos de terror, fantasia e ficção científica de autores brasileiros.
Organizado por Raphael Fernandes, este primeiro volume oferece seis histórias, assinadas por Raphael Salimena, Jaum, Dalton Dalts, Zé Wellington, Marcus Rosado, Camaleão, Alex Mir e Alex Genaro.
Imaginários em Quadrinhos tem 128 páginas, custa R$29,90 e é recomendada para o público adulto.

terça-feira, 12 de março de 2013

Necrohorror

Aqui está um ótimo exemplo de fanzine semi-profissional: Necrohorror, publicação da banda M-16, dedicada aos filmes de horror, produzida com todo o capricho em off-set e com a capa colorida em alto brilho.
O primeiro número, lançado em outubro de 2012, está esgotado, mas acaba de ser publicada a segunda edição, com 50 páginas repleta de informações sobre as maiores "podreiras" da telona. De brinde, o leitor recebe um poster colorido do filme Zombie, de Lucio Fulci.
Se é a sua praia, corra, porque a tiragem é limitada. A revista está a venda apenas através da sua página oficial no Facebook, aqui.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Velta e Raio Negro 3

Está disponível a terceira edição de Velta e Raio Negro, série quadrinhos de super-heróis realizada pelo quadrinhista paraibano Emir Ribeiro, reunindo Velta, personagem de sua criação, e o clássico Raio Negro, do saudoso Gedeone Malagola.
Nesta edição, os heróis vão enfrentar uma poderosa ameaça criada pelo sinistro Garra Cinzenta (personagem de Francisco Armond e Renato Silva), mancomunado com o Capitão Op-Art, um dos arqui-inimigos de Raio Negro. Completa a revista, uma história curta na qual Raio Negro encontra o Homem-Lua, outra criação clássica de Malagola, também com arte de Ribeiro.
Publicação da Editora Júpiter II. de Jau/SP, Velta & Raio Negro 3 tem 30 páginas em preto e branco, capa cartonada em cores e custa R$3,00.

domingo, 10 de março de 2013

Juvenatrix e Boca do Inferno

O editor Renato Rosatti entra o mês de março com novas edições de seus fanzines de horror.
O virtual Juvenatrix chega ao número 145 com o vigor invejável da periodicidade mensal. Em suas 15 páginas apresenta contos de Emanuel R. Marques e Michael Kiss, muitas resenhas de filmes de horror, e notícias quentes do ambiente alternativo do gênero e de bandas de metal extremo. A capa traz uma ilustração de Erik Muller Thurm.
Boca do Inferno 2 é uma publicação em papel, um fanzine simples de apenas 4 páginas em formato A5, copiado em xerox, mas com um conteúdo divertido e valioso especialmente para os fãs dos filmes de zumbis. A edição resenha as três versões do clássico A noite dos mortos vivos, de 1968, 1990 e 2012.
Para obter cópias tanto do Juvenatrix quanto do Boca do Inferno, é preciso solicitar ao editor através do email renatorosatti@yahoo.com.br.

sábado, 9 de março de 2013

Café com caricatura

No calor da tarde do último dia 3 de março, cartunistas e caricaturistas reuniram-se em Santo André para festejarem o quadrinho nacional, na décima primeira edição do Encontro de Cartunistas do ABC e São Paulo, iniciativa da Editora Virgo, empresa do cartunista sulsancaetanense Mario Mastrotti.
Durante o encontro, além de homenagearem o patrono do quadrinho brasileiro, Ângelo Agostini, com uma exposição de caricaturas do mestre feitas na hora, os cartunistas presentes também festejaram o Dia da Mulher, com outra exposição-relâmpago sobre o tema. Além disso, realizaram uma história em quadrinhos coletiva e diversas outras dinâmicas, todas elas envolvendo o ato de desenhar.
O evento ainda recebeu a visita de uma equipe da revista O ABC da Comunicação, que realizou gravações de entrevistas com os presentes, e contou, pela primeira vez, com palestras rápidas sobre assuntos de interesse para os cartunistas. Toda essa programação foi fruto da parceria da Virgo com uma equipe de estudantes do curso de Relações Públicas da Umesp, que caprichou na organização de cada detalhe. E, como sempre, o evento também contou com o apoio do Fran's Café da Avenida Portugal, que abrigou o encontro em seu luxuoso e agradável salão de festas.
Nas fotos a seguir desfilam alguns dos artistas que participaram do evento:
Mais fotos do evento podem ser vistas nos perfis de Cerito e Thina Curtis (é preciso estra logado no Facebook).

sexta-feira, 8 de março de 2013

Odisseia 2013

Estão bem adiantados os trabalhos de organização para a II Odisseia de Literatura Fantástica de Porto Alegre, evento promovido pelos escritores Duda Falcão, Cesar Alcázar e Christopher Kastensmidt que, em 2012, galvanizou as atenções do fandom e afirmou a capital gaúcha como importante ponto de referência da literatura fantástica nacional.
A primeira edição do evento recebeu cerca de quinhentas pessoas em dois dias de atividades, reunindo mais de oitenta profissionais das letras fantásticas, entre escritores e editores de várias partes do país e até do exterior, funcionando ainda como plataforma de lançamento de dezenas de títulos, muito bem recebidos pelos leitores locais.
A aventura vai se repetir este ano nos dias 12 e 13 de abril, novamente abrigada no Memorial do Rio Grande do Sul, localizado na Rua Sete de Setembro nº 1020, Praça da Alfândega, Centro Histórico, Porto Alegre. A programação, repleta de painéis, palestras e debates interessantes, pode ser conferida no blogue do evento, aqui.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Megalon 18

Está disponível mais uma edição histórica do fanzine de ficção científica e horror Megalon, que digitalizou agora o número 18, originalmente publicado em em dezembro de 1991.
A essa altura já com dois Prêmios Nova, a edição de 54 páginas, editada por Marcello Simão Branco, Marcelo Pirani Vieira e Renato Rosatti, traz contos de Jorge Luiz Calife, Roberto Schima, José Fernades e Braulio Tavares, uma história em quadrinhos de José Carlos Neves, artigos sobre cinema, literatura e ciência assinados por Gilberto Schoereder, Cesar Silva, Marcello Simão Branco, Roberto de Sousa Causo e Calife, e resenhas de diversos livros de fc&f por Orson Scott Card, Miguel Carqueija, Cesar Silva, Marcello Simão Branco e Álvaro Souza Jr.
A novidade da edição é o lançamento do Prêmio Tapirai, promoção interna do fanzine para identificar os melhores da ficção fantástica na esfera não-profissional, com categorias para conto, escritor, ilustrador e resenhador. Para ajudar os leitores a votar, o fanzine publicou listas de indicações que funcionam como verdadeiros registros da produção de fc&f naquele ano. A capa tem uma ilustração de Maurício Tavares, e a contracapa é do norte americano Steven Fox.
A edição em pdf pode ser baixada gratuitamente aqui, e também pode ser baixado aqui um bônus de sete páginas com farta documentação da visita que o escritor norte americano Thomas Dish fez ao Brasil naquele ano. Eu estava lá!

terça-feira, 5 de março de 2013

Humor nos quadrinhos de ficção científica

Nos quadrinhos, o humor poucas vezes caminhou ao lado da fc. O exemplo mais clássico dessa rara união está na tira Brucutu (Alley Oop) de Vincente T. Hamlim, criada em 1932. Brucutu é um troglodita que vive entre os dinossauros e viaja pelo tempo através de uma máquina inventada por um cientista maluco do futuro, o professor Papanatas.
Em 1947, o cartunista Carl Barks criou para a Disney, inspirado no Pato Donald e seus sobrinhos, uma série de histórias com Patópolis, uma cidade habitada por patos e outros bichos.
Sua principal criação foi o Tio Patinhas (Scrooge McDuck), empresário multimilionário que sempre se mete em encrencas por causa de sua ganância desmedida. Muitas dessas aventuras tiveram cenários de ficção científica, com os patos indo à Lua, ao fundo do mar e a cidades imaginárias, em histórias inteligentes e divertidas.
Em 1967 surgiu a série francobelga Valérian, agente espaço-temporal (Valérian), da dupla Pierre Christin e Jean-Claude Mézières, que usa de bom humor em doses equilibradas mesclado com muita ação para contar as aventuras de um agente do futuro encarregado de impedir que disfunções espaço-temporais, naturais ou não, prejudiquem o contínuo espaço-tempo. As histórias de Valérian e sua acompanhante Laureline são muito criativas e de alta qualidade artística, uma característica do quadrinho europeu.
Nas franjas do gênero, está um dos maiores sucessos dos quadrinhos em tiras modernos: Calvin e Haroldo (Calvin and Hobbes). A série, publicada entre 1985 e 1995, tem legiões de fãs em todo o mundo, inclusive no Brasil. Seu autor, Bill Watterson, muitas vezes coloca o garotinho traquinas e seu tigre de pelúcia em situações típicas da fc, como viagens no tempo, por exemplo. São invariavelmente tiradas excelentes e de um humor finíssimo.
Também com contatos eventuais com a fc, merece ser registrada uma série dos irmãos Gilbert e Jaime Hernandez, com uma turma de garotas muito divertidas que se envolvem em todo tipo de aventuras. Mais conhecida como Love & Rockets ou Locas, a série criada em 1982 não se preocupava muito com a verossimilhança, apenas situava as garotas em algum ambiente exótico, as vezes futurista, outras em meio aos dinossauros e, desse modo, discutia temas ligados ao universo e ao imaginário feminino.
Pouco mais há que se lembrar. O que determina que fazer humor na fc não é apenas um caminho difícil, como sempre é fazer humor de qualidade, mas uma boa oportunidade de desenvolver um modo novo e diferenciado de tratar o gênero. Quem sabe não esteja justamente aí um caminho favorável para uma bem sucedida ficção científica brasileira, que escape dos lugares comuns e modismos importados tão replicados pelos fãs.

Humor nas séries de tv de ficção científica

Na televisão, nem sempre o humor chegou a tanto refinamento quanto no cinema. Tal não é muito próprio da mídia mais popular de todas e, por isso, o que mais se vê nos shows de tv é o humor grosseiro e apelativo. Parafraseando uma máxima empresarial: o humor refinado ri das ideias; o humor comum ri das coisas, e o humor grosseiro ri das pessoas. Com esta régua, o leitor pode montar sua própria escala de qualidade naquilo que vê por aí.
Mas vale destacar alguns seriados que conseguiram apresentar algo mais em matéria de humor na fc.
O exemplo mais conhecido, e que dispensa maiores comentários, é o seriado Perdidos no espaço (Lost in space), que teve três temporadas entre 1965 e 1968, sempre com a presença hilária do desprezível Dr. Smith e sua escada preferida, o Robô "Lata-de-Sardinha", como ele carinhosamente o chamava.
Entre os desenhos animados, o melhor exemplo desde sempre é Os Jetsons (The Jetsons), produzido entre 1962 e 1963 pelos estúdios Hanna-Barbera. Conta as trapalhadas de uma típica família do futuro e os problemas que ela enfrenta diante dos avanços da tecnologia, que nunca são acompanhados por uma proporcional evolução do ser humano, de forma que concluímos que, quanto mais as coisas mudam, mais ficam iguais. Similaridades com a nossa própria vida não são meras coincidências.
Outro seriado clássico é Meu marciano favorito (My favorite martian), comédia de costumes exibida nas tvs americanas entre 1963 e 1965, que usa a presença de um alienígena humanoide entre a sociedade classe média americana para fazer graça com o comportamento dela.
Outro seriado com o mesmo perfil é Alf, o ETeimoso (Alf), produzido entre 1986 e 1990. Neste caso, o alienígena não é humano, mas sim um estranho bicho peludo, último sobrevivente de um planeta que foi destruído pela estupidez de seus próprios habitantes. O seriado teve também uma excelente versão em desenho animado, contando como Alf vivia em seu planeta natal.
Mais um seriado que navegou as mesmas águas foi 3rd rock from the Sun, produzido entre 1996 e 2001, com a presença ilustre e premiada de John Lithgow. Nele, um grupo de alienígenas assume a forma de uma família humana para estudar o comportamento da espécie local. Porém, nem todas as transformações foram bem sucedidas... na verdade, nenhuma delas.
Inédito na tv brasileira, mas possivelmente disponível em canais a cabo e por satélite, o seriado britânico Red Dwarf, produzido entre 1988 e 1993, conta a história do último sobrevivente da Terra viajando pelo que restou da galáxia numa enorme espaçonave, acompanhado de mutantes e alienígenas muito suspeitos. Seu humor advém principalmente da sátira e do pastiche de outros seriados e filmes de fc.
Também da Inglaterra vem a nova série do clássico seriado Doctor Who, cuja primeira temporada foi produzida em 1963. Esta nova série, que estreou em 2005 e ainda está em produção, conta a história do último dos Senhores do Tempo que, por algum motivo misterioso, sente uma atração irresistível pela Terra. A bordo da Tardis, uma poderosa máquina do tempo em forma de cabine telefônica azul ultramar, este Doutor sem nome combate invasões alienígenas e distorções temporais sempre na companhia de uma beldade terrestre que muda de tempos em tempos. Algumas vezes, as aventuras são bastante dramáticas, mas sempre contadas com muito bom humor e repletas de piadas inteligentes que exigem a atenção do expectador.
Outro exemplo recente do humor na fc televisiva é a multipremiada The big bang theory, sitcom focada em um disfuncional grupo de pesquisadores acadêmicos de uma universidade americana e as dificuldades que eles têm em se relacionar entre si e com as pessoas a sua volta. A fc aparece principalmente em citações, uma vez que o gênero é considerado um dos pratos favoritos dos nerds em geral. O seriado estreou em 2007 e é um grande sucesso no mundo todo.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Humor no cinema de ficção científica

O humor de ficção científica que chegou às mídias audiovisuais nem sempre foi de igual qualidade ao da literatura, mas algumas obras valem a pena ser lembradas.
No cinema, Apertem os cintos, o piloto sumiu 2 (Airplane II: The sequel, 1982), de David Zucker, aborda o gênero satirizando os filmes-catástrofe em versão espacial. A história conta as situações absurdas de um ônibus espacial de turismo que se acidenta durante uma viagem à Lua. Entre o grande elenco estão atores veteranos como Lloyd Bridges, Peter Graves, Chuck Connors e a participação muito especial de William Shatner, o icônico Capitão Kirk de Star Trek.
S.O.S.: Tem um louco no espaço (Spaceballs, 1987), de Mel Brooks, tira um sarro das modernas sagas de fc, mais exatamente a franquia Star Wars, com muitas citações que fazem a alegria dos fãs, além de ótimas situações de metalinguagem que são a especialidade desse diretor norte-americano.
Outro longa muito interessante é Galaxy quest (1999), que satiriza as séries de tv e o universo dos fãs de fc. Entre os atores, Sigourney Weaver, a eterna Tenente Rippley da franquia Alien, ao lado de um elenco de comediantes de primeira linha em uma produção caprichadíssima, sobre o elenco de atores de uma série de tv que, durante a participação em uma convenção de fãs, é abduzido por alienígenas pacíficos que, depois de assistirem o seriado, acreditam que eles são heróis de verdade e podem salvá-los do ataque de um perigosíssimo vilão intergaláctico.
Também temos a sutileza mordaz de Brazil (1985), de Terry Gillian, que nos apresenta a visão de um futuro absurdo no qual a burocracia tornou a vida uma impossibilidade prática. O título faz referência a canção Aquarela do Brasil que, naquele ambiente opressivo, leva um burocrata inseguro e insatisfeito, a sonhar com um lugar melhor para viver.
Dr. Fantástico (Dr. Strangelove, 1964), de Stanley Kubrick, com a excelente multi-interpretação de Peter Sellers, jogou a primeira pá-de-cal sobre a Guerra Fria. Neste clássico, um problema de comunicação entre um bombardeio americano e a sua base de operações provoca o risco do lançamento de uma bomba nuclear sobre o solo soviético. Em um crescendo de confusão, as duas nações se vêm às voltas com a ameaça cada vez mais concreta de uma guerra nuclear total, enquanto um cientista maluco tece as mais absurdas teorias sobre o fim da humanidade, e em diversos outros pontos do país, a violência explode alimentada pela ridícula paranoia de uma invasão comunista na América.
Uma fc por excelência, que usa o humor limpo e sem apelações, é a série De volta para o futuro (Back to the future, 1985), de Robert Zemmekis. Foram ao todo três filmes, sendo que o primeiro é um primor de roteiro, direção, cenografia e interpretação, narrando a história de um adolescente envolvido num experimento revolucionário que o joga trinta anos no passado. Preso num paradoxo temporal – um dos mais interessantes temas da fc –, ele vai aos poucos desaparecendo, pois sua presença no passado desencadeia fatos que não deveriam acontecer, alterando o futuro. Um dos melhores filmes de fc de todos os tempos.
Outro filme no mesmo tema, que vale a pena ser lembrado, é O feitiço do tempo (Groundhog Day, 1993), de Harold Ramis, fantasia urbana que, por envolver uma curiosa teoria sobre o tempo, pode ser classificado como fc. Nele, um insuportável apresentador de televisão, interpretado por Bill Murray, ao fazer a cobertura anual do Dia da Marmota, fica preso nele indefinidamente. Por mais que se esforce, sempre acaba acordando no mesmo dia e passando pelas mesmas coisas novamente. Apenas ele sabe que tudo se repete e, desse modo, vai sendo confrontado pouco a pouco com a sua própria incapacidade como ser humano.
Mais ou menos no mesmo estilo temos O show de Truman (The Truman show, 1998), de Peter Weir, estrelando o famoso comediante Jim Carrey. A história mostra a vida de um homem que, sem saber, vive numa cidade cenográfica, sendo continuamente filmado, desde antes de seu nascimento, para um reality show de grande sucesso. O filme se destaca na filmografia de Carey por ser sutil e delicado, muito diferente do estilo geralmente apelativo e debochado do ator.