sábado, 30 de abril de 2011

B9

Depois de uma rápida promoção no final de 2010, o romance de ficção científica B9, de Simone Saueressig, agora está definitivamente disponível no saite da editora Clube de Autores.
Anteriormente disponibilizado em capítulos no blogue NCA 4468, editado pela própria autora, o romance foi retirado da rede e agora só pode ser lido em sua versão comercial.
Conta a história de uma gigantesca astronave encalhada numa órbita descendente em torno de um buraco negro, com uma tripulação de jovens sob o comando de um psicopata pedófilo que pretende sustentar seu poder a qualquer preço. O romance tem muita ação e uma grande quantidade de personagens, cada um deles muito bem instalado na trama.
O volume está sendo vendido nas versões real e digital, aqui. Aproveite e conheça o ótimo romance de fantasia heróica O jogo no tabuleiro, também de Simone, disponível aqui.

Resenha: O incrível homem que encolheu

2010 foi um ano especial no que se refere a edição de livros de FC&F no Brasil. Há muito tempo que não se via tantos e tão bons volumes publicados, sem contar no enorme volume de estreias que chegaram às livrarias, por uma quantidade recorde de editoras, algumas fundadas nesse mesmo ano.
Entre as editoras mais ativas esteve a Novo Século, que há alguns anos sustenta a publicação de livros de FC&F de autores novos na Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira, mas, além dela, tem editado títulos de autores estrangeiros importantes, entre eles o norteamericano Richard Matheson. Em 2010, traduziu O incrível homem que encolheu (The shrinking man), coletânea na qual se destaca a novela título. Na minha opinião, este foi o melhor livro de FC publicado no ano no Brasil.
O incrível homem que encolheu entrou na minha seletíssima lista de histórias que só é possível ler uma vez, ao lado de Planeta 8: Operação salvamento, de Doris Lessing e 1984, de George Orwell. Especialmente por conta da dita novela, que toma dois terços do volume e conta a história de Scott, um homem que, depois de ser atingido por uma estranha névoa durante um passeio de barco, começa a diminuir lentamente, ao ritmo de alguns milímetros por dia.

Matheson constrói uma personalidade redonda para Scott que, mesmo antes do fenômeno, era inseguro e não encontrara seu lugar no mundo. Orgulhoso, não aceita a sua condição bizarra, não se deixa ajudar e foge das poucas alternativas que lhe restaram. Humilhado, ele se empenha em sustentar o orgulho apenas para ser humilhado ainda mais.
A narrativa salta entre os últimos dias de Scott, com um centímetro de altura e diminuindo, com fome, sede, doente, ferido, aprisionado num porão infecto e assediado por uma aranha viúva negra, e os inúmeros incidentes que enfrentou enquanto ia encolhendo, que vem a ser as partes mais pungentes da história. Sua relação cada vez mais deteriorada com a esposa e com um mundo do qual ele não pode mais se defender.
A novela foi levada ao cinema em 1957, dirigido por Jack Arnold. Apesar de ser um dos grandes clássicos da FC cinematográfica, a adaptação audiovisual não guarda o mesmo impacto de sua versão literária.

Além da poderosa novela título, contos como "Encurralado" e "Xô, mosca!" também são textos para se ler só uma vez. O cenário de inadequação e inutilidade dos personagens contamina a gente, em experiências que não queremos repetir. "Encurralado" foi adaptado para o cinema em 1971, sendo o longa de estreia de Steven Spielberg na telona. O filme consegue ser ainda mais angustiante que o texto original.
"Xô, mosca!" é uma história exasperante na qual um homem perde o controle emocional pressionado por seus problemas pessoais e por uma mosca que o perturba no escritório.
"O homem dos feriados" também é um conto incômodo e um dos raríssimos exemplos em que um final surpresa se justifica.
O conto mais bizarro da antologia é "O distribuidor", em que um o novo morador de uma rua de classe média, através de mentiras e intrigas remove, camada após camada, o verniz de civilização de seus moradores, levando desespero, crime e morte à toda a comunidade.

Contudo, o melhor conto do livro é "O teste". Poucos autores têm coragem de tratar do preconceito contra os idosos e este, nas mãos de Matheson, é uma obra prima emotiva e corajosa, na qual um ancião reveste-se de toda a sua dignidade para enfrentar um exame que se vai avaliar sua capacidade produtiva. Não passar é uma sentença de morte, literalmente.
"Pesadelo a 20.000 pés", "Montagem", "Apenas com hora marcada" e "A caixa" são os contos mais convencionais do livro. Lembram episódios do seriado Além da imaginação. Aliás, "Pesadelo..." é, de fato, uma das quatro histórias que compõem o longa No limite da realidade (Twilight zone), de 1983, dirigida por George Miller. Os demais segmentos do filme foram dirigidos por Joe Dante, John Landis e Steven Spielberg.
A quem só gosta de histórias de entretenimento, recomendo que passe longe desta antologia de Matheson, porque ela certamente não é destinada a esse fim. Mas quem aprecia uma experiência literária forte, como se alguém estivesse apertando o seu coração e remexendo suas tripas, é o livro ideal.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Velta & Mirza

Acaba de sair a edição especial Welta & Mirza: O exército de vampiros, álbum de quadrinhos para adultos editado em homenagem ao quadrinhista italobrasileiro Eugênio Colonnese, falecido em 2008, criador da famosa Mirza, a primeira mulher vampiro dos quadrinhos, além de outros personagens de grande sucesso.
O autor da publicação é o quadrinhista paraibano Emir Ribeiro, criador da super-heroína Velta, que desde 2002 negociou com Colonnese a autorização para realizar o encontro dessas duas deusas de papel.
A edição caprichada chega pela Júpiter II, de Jaú, cidade do interior do estado de São Paulo. A editora mantém há alguns anos um importante trabalho editorial alternativo, abrigando uma série de publicações importantes e exclusivas.
Os desenhos e a história são de Emir Ribeiro, que contou com a ajuda de William Cabral nos esboços iniciais. A edição é completada por textos assinados por Marconi Lapada, falando sobre Colonnese e Mirza.
Conta Emir: “É o mesmo roteiro que enviei para Colonnese em 2002, logo após a conversa que tivemos no Fest Comix, em outubro daquele ano. Mas, como quadrinhos no Brasil sempre demoram a se concretizar, somente em 2008 Colonnese pode se dedicar a desenhar a história, porém quis o destino que ele falecesse subitamente nessa época. Por isso os esboços da HQ foram feitos por um aluno de Colonnese, William Cabral, e eu agora estou redesenhando toda a história com base nos esboços de William, além de acrescentar novas cenas.
O álbum tem 64 páginas em preto e branco, lombada quadrada e capas coloridas e plastificadas. Para adquirir a edição, que custa R$8,00, entre em contato com o autor pelo email emir.ribeiro@gmail.com.

Toy Arte do Anuário

Há algumas semanas entrei num curso de toyarte, na Casa do Olhar, em Santo André, para aprender as técnicas secretas da moldagem em silicone.
Para criar meus primeiros toys resolvi utilizar uma ideia que tive para ilustrar a capa do Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica, um conjunto de três monstrinhos que representam a ficção científica (astronauta), a fantasia (mago) e o terror (lobisomem).
Os bichinhos apareceram pela primeira vez na edição 2009, publicada em 2010 pela Livraria Devir. Minha inspiração foram os desenhos da abertura do filme A dama da água.

Nas primeiras aulas fiz os protótipos em clay, um tipo de massa de modelar especial que tem uma consistência firme perfeita para esse trabalho.
Os bonecos têm aproximadamente 10cm de altura, mas mudei um pouco o design para deixá-los mais fofinhos, como devem ser os toys. Os moldes já estão sendo preparados e, em breve, terei os primeiros modelos prontos para pintar.
Cada molde permite a produção de dezenas de unidades, de forma que pretendo fazer os bichinhos também para vender, se houver demanda.

A toyarte está muito popular atualmente, e os toys de resina, em especial, costumam ser oferecidos tanto pintados das formas mais criativas quanto em branco, para que o comprador os caracterize como bem entender.
Além dos três monstrinhos do Anuário, fiz também um dragãozinho e pretendo seguir a coleção com outros toys no futuro.
Que tal? Vai um aí?

Morde e assopra e Cordel encantado: FC&F brasileira na TV

Desde suas origens, a TV brasileira flerta com o fantástico em suas produções, seja em novelas, seriados ou casos especiais, eventualmente com grande sucesso. Foi o caso das novelas Roque Santeiro, Pantanal, Vamp, Que rei sou eu?, Saramandaia, Hoje é dia de Maria, O fim do mundo, A ilha das bruxas, A viagem, Deus nos acuda, Sete pecados, O cravo e a rosa, O auto da compadecida e tantas outras, sem falar naquelas que fizeram sucesso discreto ou fracassaram ruidosamente. Infelizmente, um fracasso pesa muito e, quando acontece, compromete a montagem de novas produções, às vezes por muitos anos.
Nas últimas semanas acompanhamos a estreia de duas novelas na Rede Globo que decidiram arriscar pelo menos um pé no fantástico.

Morde e assopra estreou no dia 21 de março, escrita pelo experiente Walcyr Carrasco com um elenco de alto gabarito que conta com Adriana Esteves, Cássia Kiss, Ary Fontoura, Elisabeth Savalla, Flávia Alessandra, Drica Moraes e Marcos Pasquim, entre outros. Duas narrativas paralelas, ambas com toques de ficção científica, prometiam fazer dessa história um marco na teledramaturgia recente. Uma delas conta a história de uma paleontóloga que encontra uma ossada de titanossauro nas terras de um fazendeiro ranzinza, e a outra um cientista que projeta e constrói uma andróide para substituir o amor de sua vida. Apesar da estreia promissora, com muitos efeitos especiais bem realizados, aos poucos a narrativa assentou no convencional e perdeu boa parte do seu brilho. O texto pouco inspirado e o lugar comum das situações não empolgaram o público, que tem correspondido com uma audiência considerada baixa para o padrão dessa emissora.

Cordel Encantado estreou no dia 11 de abril, escrita por Duca Rachid e Thelma Guedes, que afirmam ser um projeto antigo acalentado por muitos anos. Por ser uma história de época, a produção é luxuosa, com figurinos exuberantes e cenografia caprichada gravada em alta definição, sem esquecer o elenco de estrelas no qual se destacam Débora Bloch, Luiz Fernando Guimarães, Reginaldo Faria, Matheus Nachtergaele, Claudia Ohana, Berta Loran, Tony Tornado, Osmar Prado, Marcos Caruso, Zezé Polessa, Heloísa Périssé e as presenças especias de Thiago Lacerda e Alline Moraes, entre outros.
A história é uma fantasia épica que se passa no sertão nordestino onde, vinte anos antes, durante uma expedição de resgate de um tesouro perdido, a família real do imaginário reino europeu de Seráfia – recém saído de uma guerra civil – é atacada por um bando de cangaceiros. Durante a confusão, uma duquesa, auxiliada por seu mordomo, tentam assassinar a rainha e sua filha ainda bebê. Antes de morrer, a rainha entrega a princesa para uma sertaneja desconhecida que a adota e cria como se fosse sua.

Anos depois, o desconsolado rei de Seráfia recebe a notícia de que sua filha ainda pode estar viva, e realiza uma nova expedição com toda a corte para tentar resgatar a princesa. Mas a menina, agora uma linda jovem que desconhece sua origem nobre, já está noiva do amor de sua vida que é filho secreto do mais perigoso cangaceiro da região.
A fantasia apareceu com mais expressividade nos primeiros três capítulos, quando foram mostradas cenas da guerra civil em Seráfia e a malfadada expedição em que a rainha e a princesa se perderam. Debora Bloch está ótima como a vilã da história e Luis Fernando Guimarães, que faz seu malvado mordomo, é engraçado mesmo quando não é essa a ideia. Matheus Nachtergaele faz um beato que anuncia a volta do rei, numa citação ao sebastianismo, mas que, em muitos, momentos, parece dialogar mais com a saga O senhor dos anéis, de J. R. R. Tolkien.

A história demorou a se fixar numa data reconhecível, que deveria ser o início do século XX. O maior problema foi a falta de cuidado da produção com a recriação da época, exagerando em anacronismos que tiraram qualquer consistência que se podia pretender. Enquanto no denvolvido reino de Seráfia em guerra usavam-se lanças, espadas e garruchas de pederneira de um tiro, no sertão nordestino os cangaceiros já dispunham de fuzis de repetição e pistolas. Em Seráfia usam-se carruagens puxadas por cavalos, enquanto que no Brasil rural, os fazendeiros viajam em trens a vapor e automóveis. Sem esquecer que, a certa altura, o rei de Seráfia faz de sua mesa real um DDI para o prefeito de Brogodó, a também imaginária cidade cenográfica do sertão nordestino onde acontece toda a trama. Além do mais, parece que o Reino de Seráfia passou incólume pela Primeira Guerra Mundial. Algo realmente não se encaixa nessa salada épica.
Após a primeira semana, Cordel Encantado abandonou o ritmo alucinante e assentou num cotidiano repetitivo, numa narrativa regional com poucos elementos fantásticos e muitos lugares comuns e citações. Seria mais interessante se os autores assumissem os anacronismos e seguissem com uma narrativa steampunk, que está na moda.
Eu não sou um bom analista de novelas, pois minha ótica está comprometida pela atuação no ambiente de FC&F, mas pelo que observo nas pessoas ao meu redor, que curtem boas novelas, nenhuma delas se convenceu. Minha filha e minha esposa, por exemplo, já desistiram em favor do seriado americano Todo mundo odeia o Chris, exibido diariamente pela Record entre as 16h30 e as 19h.
A esperança para ambas as novelas são os possíveis desempenhos individuais de seus elencos estelares, que já fizeram a diferença em outras produções, e o uso criativo do humor, que muitos dos atores dominam muito bem. Do contrário, temo que a FC&F vai novamente se distanciar da TV por algum tempo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Juvenatrix 127

Os lançamentos de fanzines digitais em 2011 andam meio sonolentos. O único que mantém o ritmo é o sempre confiável Juvenatrix, editado por Renato Rosatti, que acaba de lançar a edição 127, a segunda do ano.
Com capa ilustrada por Rafael Tavares, traz em suas 22 páginas notícias e divulgação de produções alternativas e Metal Extremo, contos de Mario Carlos Carneiro Junior e Emanuel R. Marques, e artigos de Marcello Simão Branco, Wagner Teixeira e do próprio Rosatti sobre literatura e cinema fantásticos. Destaque para o artigo sobre o escritor francês Stefan Wul e sobre o clássico longa metragem Things to come (Daqui a cem anos), dirigido por William Cameron Menzies em 1936, baseado numa história de H. G. Wells.
Para conseguir uma cópia basta solicitar ao editor em renatorosatti@yahoo.com.br.

Supernatural em quadrinhos

Mais um seriado de TV chega aos quadrinhos. Agora é a vez dos caçadores de demônios Sam e Dean Winchester, do seriado Supernatural (Sobrenatural, no Brasil), produzido pela Warner.
Geralmente, os seriados de TV não vão muito longe em suas versões quadrinhizadas. Talvez seja por isso que desta vez, já na versão original do selo Wildstorm da editora americana DC, as histórias foram publicadas em álbuns volumosos ao invés de revistinhas, de forma a ter um destino comercial claramente dirigido ao leitor adulto. Não que Supernatural seja, em tese, um seriado adulto, até porque não é mesmo, mas porque os leitores de quadrinhos hoje são veteranos em sua grande maioria e não se importam em desembolsar uns trocados a mais para dispor de seus fetiches ilustrados. Os dois álbuns chegaram a o Brasil pela editora New Pop por módicos R$39,00 o exemplar, uma bagatela para quem afinal já está pagando a faculdade dos filhos.
O volume 1, chamado Supernatural - Origem, desembarcou em outubro de 2010, e o volume 2, subtitulado Ascenção, chegou agora em abril de 2011. Ambos têm 144 páginas e contam histórias passadas antes daquelas vistas no seriado, quando os irmão Winchester ainda são crianças sendo treinadas pelo pai. Os roteiros são de Peter Johnson e os desenhos de Matthew Dow Smith. Mas não se engane com o desenho estiloso das capas: estes são assinadas por Tim Sale.
Eu até compraria, porque sou fã do seriado, mas por esse preço não dá. Minha filha ainda não está na faculdade.

sábado, 16 de abril de 2011

Pai Nerd resenha As luzes de Alice

Há algumas semanas, mais exatamente no dia 17 de fevereiro último, o Blog do Pai Nerd, editado por Álvaro Domingues, resenhou a noveleta As luzes de Alice, do escritor carioca Miguel Carqueija, publicada em 2004 pelo selo Hiperespaço.
Deixei lá o meu recado, mas eu me sentia devedor de Domingues pelo carinho com que ele avaliou a edição, por isso quero agradecer a atenção dele aqui também. Muito obrigado pela lembrança, amigo!
As luzes de Alice faz parte de um projeto iniciado com a Coleção Fantástica, em 1999. Inspirado na Coleção Argonauta, eu pretendia publicar trabalhos mais longos, impossíveis de apresentar no fanzine Hiperespaço. Além de Carqueija, publiquei textos de Gerson Lodi-Ribeiro, Carlos Orsi, Gian Danton, Jorge Luiz Calife, Roberval Barcellos, Rogério Amaral de Vasconcellos, André Carneiro e Roberto de Sousa Causo, no total de total, 14 volumes.
O sucesso foi discreto, como quase tudo o que envolve a FC&F no Brasil, mas sempre acima das minhas expectativas. Tanto que, ainda hoje, em meio às facilidades virtuais e ao crescimento explosivo das edições reais, continuo a ser procurado tanto por leitores, querendo adquirir as edições publicadas, quanto por autores, interessados em ter um volume na coleção. E o resultado disso é que já está pronta uma nova edição de Miguel Carqueija, Mistérios do Mundo Negro, justamente a sequência de As luzes de Alice.
Imprevistos de logística atrasaram o lançamento em quase um mês, infelizmente, mas dentro em breve ele será finalmente publicado. Aguardem.

QI 108

Chegou há alguns dias a nova edição do fanzine Quadrinhos Independentes, ou simplesmente QI, editado pelo quadrinhista e pesquisador de histórias em quadrinhos Edgard Guimarães.
Muitas vezes premiado com o Angelo Agostini, o fanzine está em publicação regular desde 1993 e já teve várias fases. Iniciado como um simples catálogo de fanzines, encorpou até se tornar um periódico informativo, com artigos, reportagens e quadinhos originais.
Esta edição, apresenta artigos de Edgar Indalécio Smaniotto e Worney de Souza, quadrinhos de Julio Shimamoto, Michael Kiss e Marcelo Dolabella, além da que uma belíssima capa, quadrinhos e artigos de autoria do editor sobre o Dia do Quadrinho Nacional, mistérios do colecionismo e histórias em quadrinhos de sucesso. Completa a edição a tradicional e extensa seção de cartas, repercutindo os assuntos das edições anteriores, e o catálogo de lançamentos alternativos do bimestre.
A publicação é distribuída exclusivamente para assinantes. Maiores informações pelo email edgard@ita.br.

domingo, 10 de abril de 2011

Duplo Fantasia Heróica

Uma de minhas mais recentes leituras foi o volume Duplo Fantasia Heróica da Coleção Asas do Vento, da Devir Livraria. Num verdadeiro formato de bolso, o volume traz as noveletas "O encontro fortuito de Gerad van Oost e Oludara" do americano radicado no Brasil Christopher Kastensmidt e " A travessia", de Roberto de Sousa Causo, que tive o prazer de publicar na Nova Coleção Fantástica.
A novela de Kastensmidt, que está indicada para o Nebula deste ano, conta a história de um aventureiro holandês nos tempos do Brasil colônia, prestes a ser expulso de Salvador por vadiagem, que se encontra com um negro escravo e decide libertá-lo. Sem dinheiro para pagar o alto valor do prisioneiro, ele vai apelar para os seres mágicos da floresta.
A história soa simples demais para os leitores brasileiros, já acostumados ao panteão indígena que volta e meia aparece em romances, quadrinhos, novelas e peças de teatro. Monteiro Lobato foi mais longe com o Saci Pererê e Guimarães Rosa certamente assombraria os leitores estrangeiros com o maravilhoso "Meu tio o Iuauretê". Mas acredito que Kastensmidt consegue ser suficientemente exótico para o gosto estrangeiro.
O interessante é que o protagonista não poderia ser mais politicamente incorreto, pois pretende caçar as criaturas lendárias do Brasil só por farra. Creio que um brasileiro nunca escreveria uma história assim.
Apesar de já ter lido umas dez vezes, reli novamente "A travessia", de Causo, pois o autor diz na apresentação do texto que fez mudanças nele depois que o publiquei em 2009. A história é sequência imediata do romance A sombra dos homens (Devir, 2005) e mostra como pode ser difícil para o pajé Tajarê e sua companheira islandesa, a bruxa Sjala, voltarem para casa depois de arrazar a aldeia das amazonas.
Gosto da linguagem "indígena" que o autor inventou para Tajarê, que contrasta fortemente com o texto de Kastensmidt. Só me incomoda que, apesar de toda a iniciativa e poder, Tajarê não parece ser senhor de si. Ele apenas reage, nunca assumindo o controle da própria vida. Deve ser o karma do personagem e certamente faz parte do projeto do autor para ele.
A Coleção Asas do Vento é uma grande proposta da Devir Livraria e vale muito a pena. O livro pode ser adquirido no saite da Devir, aqui.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mega Feras

Na minha época de criança, no início dos anos 1970, a revista Recreio, da Editora Abril, era uma bem vinda novidade nas bancas. Além dos conteúdos geniais produzidos por gente de gabarito como a escritora Ana Maria Machado, trazia modelos de papel para montar, como um barco pirata com direito a um baú de tesouros, um zoológico, uma cidade etc. Até hoje curto esses badulaques de papel por influência dessa publicação.
Hoje, os brinquedos que a nova geração da revista entrega estão bem mais sofisticados, mas a proposta continua tão empolgante quanto naquele tempo. O periódico infantil acaba de distribuir nas bancas as primeiras edições de uma nova coleção muito interessante.
Trata-se de Mega Feras, um conjunto de 24 brinquedos de plástico articulados inspirados nos animais pré-históricos, como magatério, mamute, gastornis, tigre de dentes de sabre etc, além de três personagens humanos.
A coleção ainda traz fascículos colecionáveis e minigibis com as aventuras de três jovens que viajam para o tempo em que viviam esses animais.
Que criança que nada. Uma coleção dessas, até eu quero.

Como foi o lançamento de Assembleia estelar

Fiz questão de prestigiar meu parceiro de Anuário, Marcello Branco, comparecendo ao lançamento da antologia internacional que ele organizou com tanto cuidado para a Devir Livraria. O livro já estava circulando, é verdade, mas carecia de um evento que registrasse o lançamento, que foi realizado no último dia 31 de março nas dependência da livraria Fnac, na Avenida Paulista, em São Paulo.

Da esquerda para a direita: Fresnot, Tartari, Orsi, Branco e Causo.

Cheguei por volta das 19h e algumas pessoas já circulavam pelo simpático auditório improvisado ao lado do café, no segundo piso da livraria. Lá estavam, além de Marcello e sua namorada Rossana, Roberto de Sousa Causo acompanhado da esposa Finisia Fideli e do filho Robertinho, o fanzineiro Rudyard Leão, meu amigo Alexandre Yudenitch, os escritores Tibor Moricz e Ataíde Tartari, além de Daniel Fresnot e Carlos Orsi com as respectivas esposas. Enquanto garçons serviam vinho branco, uma mesa foi montada com Fresnot, Tartari, Orsi, Branco e Causo.
Por volta das 19h30, deu-se início ao painel, com Marcello fazendo considerações sobre o dia 31 de março, data na qual, em 1964, aconteceu o golpe militar que lançou o Brasil num famigerado período de ditadura. Depois dele, cada um dos autores comentaram seus contos, exceto Causo, que se portou como moderador da mesa.


O auditório ficou repleto de gente importante, como o ilustrador Vagner Vargas - autor da capa da antologia -, o escritor Nelson de Oliveira, o tradutor Carlos Ângelo, os editores Gumercindo Rocha Dórea e Douglas Quintas Reis, o ex-presidente do CLFC Alfredo Kepler e muitos outros.
A palestra encerrou-se por volta da 20h30, depois de uma bateria de perguntas do público presente. Fiquei ainda por ali algum tempo, trocando figurinhas e cumprimentando os amigos que não via há tempos. Deixei o pessoal que ainda conversava com animação e, relutantemente, saí às 21h, porque São Bernardo do Campo fica um tanto longe da Paulista; mais de uma hora de transporte coletivo me aguardava.